O que é o TOC e quais são os seus sintomas


Medos exagerados de se contaminar, lavar as mãos a todo o momento, revisar diversas vezes a porta, o fogão ou o gás ao sair de casa, não usar roupas vermelhas ou pretas, não passar em certos lugares com receio de que algo ruim possa acontecer depois, ficar aflito por que as roupas não estão bem arrumadas no guarda-roupa, ou os objetos não estão exatamente no lugar em que deveriam estar, são alguns exemplos de sintomas característicos de um transtorno: o transtorno obsessivo-compulsivo ou TOC e que são popularmente conhecidos como "manias" (de limpeza, de verificar as portas, de arrumação).

O que é o TOC

O TOC é um transtorno mental caracterizado pela presença de obsessões, compulsões ou ambas. As obsessões são pensamentos, impulsos ou imagens indesejáveis e involuntários, que invadem a consciência causando acentuada ansiedade ou desconforto e obrigando o indivíduo a executar rituais ou compulsões que são atos físicos ou mentais realizados em resposta às obsessões, com a intenção de afastar ameaças (contaminação, a casa incendiar), prevenir possíveis falhas ou simplesmente aliviar um desconforto físico. No TOC os indivíduos procuram ainda evitar o contado com determinados lugares (por exemplo, banheiros públicos, hospitais, cemitérios), objetos que outras pessoas tocam (dinheiro, telefone público, maçanetas) ou até mesmo pessoas (mendigos, pessoas com algum ferimento) como forma de obter alívio dos seus medos e preocupações. São as evitações.

Os sintomas do TOC

Uma das características intrigantes do TOC é a diversidade dos seus sintomas (medos de contaminação/lavagens, dúvidas excessivas seguidas de verificações, preocupação exagerada com ordem/simetria ou exatidão, pensamentos de conteúdo inaceitável (violência, sexuais, ou blasfemos), compulsão por armazenar objetos sem utilidade e dificuldade em descarta-los - ou colecionismo). Um mesmo indivíduo pode apresentar uma diversidade de sintomas, embora geralmente exista um que predomine.

O diagnóstico do TOC

Para que seja estabelecido o diagnóstico de TOC é necessário que as obsessões ou compulsões consumam um tempo razoável (por exemplo, tomam mais de uma hora por dia) ou causem desconforto clinicamente significativo, ou comprometam a vida social, ocupacional, acadêmica ou outras áreas importantes do funcionamento do indivíduo. Os sintomas obsessivo-compulsivos não podem ser atribuídos ao efeito fisiológico direto de uma substancia (p.ex. droga de abuso ou a uma medicação) ou a outra condição médica como doenças psiquiátricas, que também podem ter entre seus sintomas - obsessões e ou compulsões (por exemplo: dependência a drogas, comer compulsivo, jogo patológico). As obsessões e compulsões também não podem ser consequência de doenças neurológicas.

Epidemiologia

Considerado raro até a pouco tempo, o TOC é um transtorno mental bastante comum, acometendo aproximadamente um em cada 40 a 60 indivíduos ou ao redor de 2,5% das pessoas ao longo da vida, ou ao redor de 1% em determinado momento. No Brasil, é provável que existam ao redor de 2 milhões de indivíduos com o transtorno. Seu início em geral é na adolescência mas, não raro, na infância. Os sintomas podem ser de intensidade leve, mas não raro são muito graves e até incapacitantes. O TOC tende a ser crônico, com os sintomas crescendo ou diminuindo de intensidade ao longo do tempo. Se não tratado pode acompanhar o indivíduo ao longo de toda a sua vida, pois raramente melhora espontaneamente.

Os tratamentos para o TOC

Os tratamentos mais efetivos que se tem para o TOC são medicamentos inicialmente utilizados no tratamento da depressão, que posteriormente se descobriu serem efetivos também no TOC, e a terapia cognitivo-comportamental (TCC) que inclui exercícios de exposição e abstenção de executar rituais (prevenção da resposta).

Medicamentos

Os medicamentos são efetivos para 40 a 60% dos pacientes que os utilizam e são a primeira escolha, principalmente quando, além do TOC, existem outros problemas associados como depressão, ansiedade, o que é muito comum. Também é usual se iniciar com um medicamento quando os sintomas são muito graves ou incapacitantes. Geralmente são utilizados em doses maiores do que as recomendadas para o tratamento da depressão e demoram mais tempo para produzir o efeito anti-obsessivo. O maior problema que eles apresentam é o fato de raramente eliminarem por completo os sintomas. Além disso, com freqüência, provocam efeitos colaterais indesejáveis, embora os mais modernos sejam bem melhor tolerados.

Terapia cognitivo-comportamental

A terapia cognitivo-comportamental reduz os sintomas em 70% dos pacientes que realizam essa modalidade de tratamento, e em aproximadamente 30 % deles pode eliminar por completo os sintomas. Ela é efetiva especialmente quando predominam rituais, não existem outros problemas psiquiátricos graves e os pacientes se envolvem efetivamente nas tarefas de casa, parte fundamental dessa forma de tratamento. Um problema de ordem prática é o fato de a TCC ser um método pouco conhecido e pouco utilizado em nosso meio e ainda existirem poucos profissionais com experiência na sua aplicação prática.

Como tanto os medicamentos como a TCC tem limitações recomenda-se, na prática, associá-los

(Fonte: UFRS)

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