Mariana relatou ter sido dopada e, então, estuprada no beach club Cafe de La Musique, onde trabalhava como embaixadoraMariana Ferrer Instagram / Reprodução |
Nesta quarta-feira (9), o juiz Rudson Marcos, da 3ª Vara Criminal de Florianópolis, absolveu o empresário André de Camargo Aranha, de 43 anos, acusado de estuprar a blogueira Mariana Ferrer, de 22. O caso, que teria acontecido no tradicional clube da capital catarinense Cafe de La Musique, se tornou público pela própria Mariana, que pediu ajuda em suas redes sociais para conseguir justiça. O Ministério Público do Estado (MPSC), no entanto, após apresentação da denúncia, alegou ao final do processo “falta de provas”.
O magistrado acolheu os argumentos da defesa de André, que trabalha com marketing esportivo, liderada pelo advogado criminalista Claudio Gastão da Rosa Filho, e entendeu que houve ausência de “provas contundentes nos autos a corroborar a versão acusatória”.
“Portanto, como as provas acerca da autoria delitiva são conflitantes em si, não há como impor ao acusado a responsabilidade penal, pois, repetindo um antigo dito liberal, ‘melhor absolver cem culpados do que condenar um inocente’. A absolvição, portanto, é a decisão mais acertada no caso em análise, em respeito ao princípio da dúvida, em favor do réu (in dubio pro reo), com base no art. 386, VII, do Código de Processo Penal”, justificou.
Relembre o caso
O caso teria ocorrido no dia 15 de dezembro de 2018. Mariana relatou ter sido dopada e, então, estuprada no beach club, onde trabalhava como embaixadora. Ela divulgou em suas redes sociais os vídeos do circuito de segurança da boate, nos quais aparece se apoiando na parede para conseguir andar, e a foto do vestido que usava naquela noite todo ensaguentado - ela era virgem na época.
De acordo com informações divulgadas pela revista Marie Claire, os exames realizados por autoridades em Mariana comprovaram que houve conjunção carnal - ou seja, uma introdução completa ou incompleta do pênis na vagina. Além disso, sêmen de André foi encontrado na calcinha da blogueira, e a ruptura do hímen, comprovada.
“Não é nada fácil ter que vir aqui relatar isso. Minha virgindade foi roubada de mim junto com meus sonhos. Fui dopada e estuprada por um estranho em um beach club dito ‘seguro e bem conceituado’ da cidade”, disse ela ao expor o caso pela primeira vez na internet.
No mês passado, a conta de Mariana do Instagram, onde compartilhava os traumas do abuso e pressionava autoridades por justiça, foi suspensa depois de acusar a defesa de André de manipular fotos suas para anexar no protocolo do caso.
"A defesa de forma sórdida e ardilosa protocolou dentro do processo fotos manipuladas como se eu estivesse nua (nunca fotografei assim) e anexou junto um site indevido fazendo correlação ao produto de skincare que já divulguei como influenciadora juntamente das imagens deturpadas”, havia dito ela.
Até agora, ela não teve a sua conta do Instagram recuperada e não se manifestou sobre a decisão da Justiça, que ainda pode sofrer apelação.
Assim que a sentença foi divulgada, milhares de internautas ficaram revoltados com a decisão do juiz, e o nome de Mariana logo foi parar nos assuntos mais comentados das redes sociais.
Confira algumas das manifestações:
Mariana Ferrer foi dopada e estuprada. Tem vídeo da boate, tem o DNA confirmado do estuprador, tem testemunha e tem a alteração nos exames dela.
— Capirotinho 🔥 (@o_capirotinho) September 10, 2020
Mas André de Camargo Aranha tem o que importa para a justiça. Ele é rico.
Foi absolvido por falta de provas. Mais um dia no Brasil.
Esse caso da Mariana Ferrer serve para a galera que fala “é só denunciar”
— Maria Cecília (@mceccilia) September 10, 2020
Não, não é só denunciar.
A mulher pode ter milhares de provas, expor, gritar, clamar por justiça, e ainda sim a voz que sempre prevalecerá é a do homem. Ser mulher no Brasil não é fácil.
(Donna/GAUCHAZH)Quantas mulheres como Mariana Ferrer vocês conhecem? Mulheres vítimas de abuso sexual que, mesmo apresentando todas as provas, foram desacreditadas. Esse caso mostra o quanto ainda temos que lutar. É pela vida das mulheres! Minha solidariedade à Mariana! #justicapormariferrer
— Manuela (@ManuelaDavila) September 10, 2020
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