Contabilidade apreendida em investigação sobre ataque a Moro indica que facção gastou mais de R$ 1,2 milhão no plano

Os dados estavam em diferentes celulares e endereços de e-mail indicados por uma testemunha, um ex-integrante do bando que decidiu delatar os antigos comparsas após ser jurado de morte

Parte da contabilidade apreendida pelos investigadores ▪︎ Foto: Reprodução


A investigação da Polícia Federal (PF) que frustrou ataques da maior facção criminosa do país contra autoridades e agentes públicos, entre eles o ex-juiz e senador Sérgio Moro (União-PR), localizou diversas informações relativas à contabilidade da quadrilha.

As cifras constam na representação remetida à Justiça Federal, que deferiu 11 mandados de prisão e 24 de busca e apreensão, a maior parte deles cumprida em operação realizada nesta quarta-feira. Ao todo, somando os diferentes gastos computados pelos criminosos, o valor despendido com o plano foi de pelo menos R$ 1,2 milhão, em cálculo feito pelo GLOBO com base no relatório elaborado pelo Grupo Especial de Investigações Sensíveis (Gise), que leva a assinatura do delegado Martin Bottaro Purper.

Os dados estavam em diferentes celulares e endereços de e-mail indicados por uma testemunha que deu origem à apuração, que passaram a ser monitorados pelos agentes com autorização judicial, mediante quebra do sigilo telemático.

Segundo essa pessoa, um ex-integrante da facção que decidiu delatar os antigos comparsas após ser jurado de morte, as linhas e contas eram associadas a Janeferson Aparecido Mariano Gomes, apontado pela PF como chefe da célula que vinha arquitetando os atentados contra Moro e outras autoridades.

“Não há dúvidas da aplicação dos valores oriundos do tráfico de drogas e da associação para o tráfico de drogas de Janeferson para o financiamento das atividades criminosas na cidade de Curitiba”, diz um dos trechos do relatório da PF.

Um registro no no bloco de notas de um dos aparelhos, por exemplo, traz uma série de gastos vinculados a “Tokio”, apelido usado para referências a Moro, de acordo com os investigadores. A lista inclui R$ 50 mil de custos iniciais, R$ 12 mil com viagens, R$ 55 mil para adquirir um carro, R$ 50 mil para aluguéis e manutenção e R$ 110 mil com um fuzil, entre outros itens. Só esta anotação totaliza R$ 564,5 mil em gastos.
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Outra mensagem, esta obtida numa conta de WhatsApp, enumera gastos em outubro. Aparecem, por exemplo, R$ 500 em despesas com hotel, R$ 1 mil com TV, R$ 200 com gasolina e R$ 25 mil com um carro. Em outra data do mesmo mês, vão-se R$ 6.900 com passagem, R$ 620 com gasolina, R$ 2.040 com mercado, R$ 600 com uma bateria e até R$ 200 com um corta-grama, entre outras despesas.

A conversa no WhatsApp onde constavam esses custos eram entre Claudinei Gomes Carias, um dos alvos da operação, e um comparsa de vulgo Nei, criminoso de posição elevada na hierarquia da facção ainda não identificado pelos agentes. Segundo o relatório, Claudinei fazia “a contabilidade dos gastos em um notebook”, usando também um pendrive.

O Globo

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