Como as mulheres estão mudando o perfil da liderança no Agronegócio brasileiro

Divulgação.

Com destaque no agronegócio, protagonismo feminino ganha espaço em cargos de líderes e empresas desempenham papel fundamental nessa mudança

Nos últimos anos, tem sido cada vez mais comum ver mulheres assumindo posições de liderança no Brasil. Esse cenário é resultado não somente das diversas mudanças sociais e culturais, mas também da crescente participação feminina no mercado de trabalho - reflexo do maior envolvimento do mundo corporativo com o tema.

Segundo uma pesquisa realizada pela Grant Thornton, empresa global de auditoria, consultoria e tributos, em 2022 as mulheres ocupavam 38% dos cargos de liderança no país. Apesar de ainda não ter atingido números igualitários, o resultado já representa um avanço, visto que, em 2019, a porcentagem era de 25%.

Já um estudo da consultoria McKinsey mostra que a presença feminina no mercado de trabalho e em cargos de liderança pode gerar, até 2025, um aumento de até US$ 12 trilhões no PIB mundial. Somente no Brasil, esse acréscimo seria de, aproximadamente, US$ 410 bilhões.

Apesar das mudanças já conquistadas, ainda há desafios a serem enfrentados. E é em busca de fomentar ainda mais essa transformação que ocorre, anualmente, o Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio (CNMA). Movimentando um dos setores mais fortes do país e do mundo, o evento está em sua 8ª edição e espera reunir cerca de 3 mil congressistas nos dias 25 e 26 de outubro, no Transamerica Expo Center, em São Paulo. Este ano com uma mesa-redonda dedicada ao tema "Mulheres na liderança: superação e sucesso”.

“Desde a primeira edição, nosso objetivo sempre foi destacar e fortalecer o trabalho das mulheres que diariamente ajudam a movimentar nosso país. E buscamos exercer essa importante missão por meio de inúmeras trocas de experiências, conhecimento e histórias inspiradoras, além do networking criado, gerando conexões do Norte ao Sul do Brasil”, conta a Gerente de Desenvolvimento e Novos Negócios no Transamerica Expo Center, Renata Camargo.

Dentro do agronegócio, mais de 30 milhões de hectares no país são administrados por mulheres atualmente, de acordo com um estudo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) em conjunto com a Embrapa e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Um levantamento do SEBRAE mostra, ainda, que aproximadamente um milhão de representantes femininas estão no comando de propriedades.

Inspirando uma nova realidade
Mulheres líderes brasileiras são exemplos inspiradores de perseverança e superação. Elas trazem novas perspectivas, estratégias e habilidades únicas para onde estão inseridas, e, pouco a pouco, estão ajudando a construir um futuro mais igualitário e justo.

Fabiana Alves, nomeada recentemente como a nova CEO do Rabobank e Head do banco na América do Sul, é um dos exemplos desse novo cenário que vem se consolidando.

“O agro nasceu comigo, porque desde criança eu adorava ir para a fazenda com meu avô. Pude me formar em Engenharia Agronômica na Universidade Federal de Viçosa, trabalhar em fazenda e depois em diversas etapas da cadeia do agro. Cursar um MBA na Universidade da California me levou ao setor financeiro e, após 15 anos, à minha posição atual, de CEO do Rabobank Brasil e a primeira mulher a assumir como Head da instituição na América do Sul”, relata.

Além de representar uma história de sucesso na luta feminina, a novidade também foi significativa para o CNMA, que tem a executiva como apoiadora, inspiração e participante ativa do evento desde 2016. Para ela, as grandes empresas também têm um papel essencial como influenciadoras de mudanças. “Investir em pautas relevantes como essa não só deve ser parte da agenda e dos compromissos ESG das empresas, como também pode favorecer seus negócios e a formação de melhores profissionais para seu setor”, diz.

“Tive o prazer de apoiar o Congresso desde a primeira edição e é muito gratificante ver o quanto já evoluímos e como ele foi fundamental para dar visibilidade à agenda de diversidade no agro, para promover o networking feminino nacionalmente e fortalecer a igualdade de oportunidades. Além disso, contribui na formação destas profissionais discutindo temas atuais e de relevância, essenciais para que as mulheres possam continuar agregando valor”, finaliza Fabiana.

A força delas em Minas Gerais

Outra história inspiradora é de Ana Valentini, produtora rural, engenheira florestal e a primeira mulher a comandar a Secretária de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais.

Desde 1987, ela participa do Programa de Desenvolvimento do Cerrado (PRODECER), que contou com o apoio do governo japonês para ampliar as áreas agricultáveis de soja no Brasil. E entre seus trabalhos como engenheira de pesquisa florestal, ela esteve, nos anos 80, envolvida no projeto “Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais”, na Amazônia, coordenado pela fundação World Wide Fund for Nature (WWF) - organização internacional não governamental que atua nas áreas da conservação, investigação e recuperação ambiental.

Ana também é uma das fundadoras da Irriganor, a Associação dos Produtores Rurais e Irrigantes do Noroeste de Minas Gerais, que, com apenas três meses de trabalho, conseguiu reunir 330 produtores em 16 municípios da região Noroeste do estado, os quais desejavam realizar uma produção consciente, sustentável e responsável com seus recursos hídricos.

Com tantos anos de experiências e trocas profissionais, a produtora conta que foi a única presença feminina em diversos momentos. “Por muitas vezes eu era a única mulher no palco, no palanque, na mesa. Apesar disso, nunca me senti desmotivada, nunca deixei de fazer aquilo que achava que precisava ser feito”.

Mesmo com os desafios já enfrentados, ela reforça que, atualmente, “independentemente do negócio, desde uma oficina, um pequeno comércio, até grandes empresas e propriedades, as mulheres, ao menos aqui na região, estão sempre presentes, sempre envolvidas.”

“Enquanto secretária do estado, algo que também pude observar mais de perto foi a presença crescente e consolidada de mulheres comandando produções especiais, como queijos, vinhos, azeites e, principalmente, cafés. Além de todo o potencial que temos, acredito que esse aumento se deu, também, devido ao nosso olhar mais delicado e cuidadoso com o que nos propomos a fazer. E isso faz toda a diferença em produções artesanais”, pontua.

CNMA 2023

Em busca de reunir, unir e fortalecer histórias e mulheres inspiradoras, além de compartilhar conhecimento sobre diferentes áreas, ocorre, nos dias 25 e 26 de outubro a 8ª edição do Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio (CNMA), no Transamerica Expo Center, em São Paulo. O evento é o maior da América Latina de mulheres do agro.

“Toda mulher precisa ter a segurança de que ela pode fazer o que quiser, em qualquer área. Nós não precisamos abrir mão de nenhum sonho por ser mulher. E a humildade feminina de buscar o conhecimento, junto a sororidade que ganha espaço dentro e fora do agronegócio é o que inspira, o que realmente irá fazer com que as mudanças necessárias aconteçam”, ressalta Ana Valentini.

As inscrições para o CNMA podem ser realizadas pelo site (clique aqui).

Fonte: Mercado do Cacau 

Poste um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem