A taxa Selic aparece em investimentos, nos jornais, tem um papel importante na economia brasileira e afeta sua vida financeira.
A Selic, ou taxa Selic, é a taxa básica de juros da economia. A cada 45 dias, ela vira notícia em todo o Brasil – seja por ter aumentado, diminuído ou se mantido estável após a reunião do Copom, o Comitê de Política Monetária do Banco Central.
A taxa Selic hoje está em 10,75% ao ano, depois da última decisão do Copom, em setembro de 2024.
Abaixo, entenda o que o termo "taxa Selic" significa, qual é a taxa Selic mensal e a importância dela no seu dia a dia.
O que é a taxa Selic?
Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira. Basicamente, ela influencia todas as demais taxas de juros do Brasil, como as cobradas em empréstimos, financiamentos, e também afeta o retorno de aplicações financeiras.
Mas o que significa Selic?
Selic é a sigla para Sistema Especial de Liquidação e Custódia, um programa virtual em que os títulos do Tesouro Nacional são comprados e vendidos diariamente por instituições financeiras.
Além do Banco Central, apenas instituições financeiras têm autorização para negociar títulos nesse ambiente. Ou seja, pessoas comuns não têm acesso.
Já a taxa Selic é a taxa de juros dos títulos públicos que o governo oferece neste sistema.
E quem decide o valor dessa taxa?
É o Copom, o Comitê de Política Monetária do Banco Central. Ele se reúne a cada 45 dias para definir se a Selic aumenta, diminui ou se mantém estável. A decisão leva em conta o cenário econômico internacional e o brasileiro, possíveis pressões inflacionárias como guerras ou secas, e define uma taxa de juros.
Qual é a taxa Selic hoje?
A taxa Selic hoje está em 10,75% ao ano. Ela foi decidida no dia 18 de setembro de 2024 e representa um aumento em relação à reunião de agosto, quando os juros estavam em 10,50% ao ano.
Desde o início do ano, a Selic sofreu duas quedas, nas reuniões de janeiro e março, e se manteve no mesmo valor até a mais recente decisão do Copom, em setembro. Saiba qual o acumulado da taxa Selic ao longo de 2024:
Data da reunião do Copom (2024) Taxa Selic fixada em
31 de janeiro 11,25%
20 de março 10,75%
08 de maio 10,50%
19 de junho 10,50%
31 de julho 10,50%
18 de setembro 10,75%
06 de novembro -
11 de dezembro -
Quando sai a nova taxa Selic?
A reunião do Copom acontece a cada 45 dias, portanto, a próxima decisão da taxa Selic está marcada para 6 de novembro de 2024.
Qual a taxa Selic mensal de 2024?
Em setembro, a taxa Selic está em 1% ao mês. Na tabela a seguir, confira a taxa Selic mensal em 2024.
Mês Taxa Selic mensal (2024)
Janeiro 0,97%
Fevereiro 0,80%
Março 0,83%
Abril 0,89%
Maio 0,83%
Junho 0,79%
Julho 0,91%
Agosto 0,87%
Setembro 1,00%
Outubro -
Novembro -
Dezembro -
Fonte: Receita Federal
Qual a taxa Selic por mês?
Confira na tabela abaixo o histórico mensal da Selic desde 2013 (arraste as colunas para o lado para ver a tabela completa). Para acessar os anos anteriores, clique aqui.
Fonte: Receita Federal
Como funciona a taxa Selic?
Para explicar a taxa Selic, é preciso voltar a uma necessidade básica de qualquer governo: ter dinheiro para fazer investimentos e pagar dívidas. Apesar da principal forma de arrecadação ser por meio dos impostos, também é possível fazer isso com empréstimos – ou seja, o governo pega dinheiro emprestado de empresas e pessoas físicas para aumentar os recursos em caixa. E ele faz isso com os títulos do Tesouro Nacional.
Os títulos do Tesouro são certificados de dívida emitidos e vendidos pelo próprio governo através do Sistema Especial de Liquidação e Custódia e também por meio do programa Tesouro Direto, focado em pessoas físicas. Quem compra um título ganha o direito de, em determinada data, receber o valor de volta com o acréscimo de juros.
É importante entender, entretanto, que a maioria dos títulos do Tesouro Nacional é comprada por grandes instituições financeiras.
Isso acontece porque, por lei, toda instituição é obrigada a depositar uma parcela do dinheiro recebido no dia em uma conta no Banco Central. Essa é uma forma de controlar a quantidade de dinheiro em circulação e evitar o aumento da inflação.
Como as instituições financeiras realizam milhões de operações diariamente, é comum chegar no fim do dia com uma quantia maior ou menor do que deveriam ter na conta do BC.
Neste caso, elas são obrigadas a pegar empréstimos com outros bancos para cumprir a lei.
E o que isso tem a ver com a taxa Selic?
Geralmente, esses empréstimos são de curtíssimo prazo (o tempo entre a retirada e o retorno do valor acontece em torno de 24 horas). Como garantia, as instituições oferecem os títulos públicos adquiridos do Banco Central.
Entender isso é importante para entender a diferença entre Selic Over e Selic Meta.
Taxa Selic Over
Basicamente, é a taxa de juros praticada quando uma instituição financeira empresta dinheiro para outra e usa, como garantia, os títulos públicos adquiridos no Banco Central (como explicado acima).
Taxa Selic Meta
Já a Selic Meta é a que você está acostumado a ouvir sobre: a taxa básica da economia brasileira. Ela serve como parâmetro para outras taxas praticadas no mercado.
É sobre esta taxa a que este texto se refere – e não à Selic Over.
Como a taxa Selic é calculada?
A Selic é definida a cada 45 dias pelo Copom (Comitê de Política Monetária), ligado ao Banco Central, que se baseia em inúmeros indicadores financeiros do país para chegar a uma taxa.
As mudanças na taxa de juros acontecem pois a economia não é estável e, por isso, é preciso adequá-la ao cenário para garantir que o dinheiro continue circulando a um preço justo.
Por que a taxa Selic é importante?
A Selic foi criada em 1979, período em que a economia brasileira enfrentava um cenário de hiperinflação. Seu objetivo sempre foi ser uma ferramenta de controle da inflação: qualquer mudança que o Banco Central do Brasil fizer na taxa resultará em uma alta ou queda da inflação.
Além disso, podemos dizer que o Banco Central:Ao aumentar a Selic, o BC tem como objetivo desacelerar a economia. Ao elevar os juros, o custo do crédito fica maior e as pessoas e empresas tendem a comprar menos. A consequência é a queda dos preços. Ou seja, o Banco Central aumenta a Selic para controlar o aumento da inflação;Ao baixar a Selic, o BC tem como objetivo estimular o consumo e aquecer a economia. Isso acontece quando a inflação já está mais controlada, não justificando, assim, juros maiores. Ao reduzir a Selic, o crédito fica mais barato e as pessoas tendem a voltar a consumir a prazo.
Até hoje, a Selic serve como uma referência para a economia brasileira, uma ferramenta para controlar a inflação do país que pode ser entendida como um indicador da nossa situação econômica.
Como a Selic afeta seu dinheiro e investimentos?
Os efeitos da mudança da Selic são sentidos por todos os brasileiros, bancos e até investidores estrangeiros. Basicamente:
Se a taxa Selic diminui:
- O crédito fica mais acessível, já que os bancos tendem a baixar as taxas de juros de empréstimos e outros produtos de financiamento.
- Os preços tendem a baixar ou ficar estáveis, como uma consequência do controle da inflação;
Em maio de 2024, o Copom decidiu pela queda da Taxa Selic – foi para 10,50%.
Quais investimentos são afetados pela Selic?
Considerando que a Selic tem forte influência na remuneração de diversos investimentos, qualquer mudança na taxa impacta a rentabilidade desses produtos financeiros. São eles:Títulos do Tesouro Direto (Tesouro Selic);
Caderneta de poupança;
Investimentos de renda fixa.
Tesouro Selic
O Tesouro Selic é um título público cuja rentabilidade está indexada à taxa Selic. Quando a taxa Selic é reduzida, também fica menor a rentabilidade do título – e o mesmo vale para a situação contrária: um aumento na taxa Selic torna os títulos públicos mais vantajosos.
Caderneta de poupança
A poupança também sofre os efeitos das mudanças na Selic. Isso porque seu rendimento, por definição, está atrelado à taxa:Se a taxa Selic estiver acima de 8,5% ao ano: a poupança rende 0,5% sobre o valor depositado + Taxa Referencial;
Se a taxa Selic estiver igual ou abaixo de 8,5% ao ano: a poupança rende 70% da Selic + Taxa Referencial.
Ou seja: com a Selic acima de 8,5% (como agora), a rentabilidade da poupança fica fixa em 6,17% mais a Taxa Referencial. Essa rentabilidade é menor (e muito!) do que a de outros investimentos de renda fixa.
Investimentos de renda fixa
Mudanças na taxa Selic impactam o CDI, um dos índices de rentabilidade mais usados por investimentos de renda fixa. Explicaremos abaixo sobre a relação entre as duas taxas, mas basicamente: quando a taxa Selic diminui, o CDI também fica mais baixo.
CDBs, LCIs, LCAs, LCs são os investimentos mais comuns que usam o CDI como indicador de rentabilidade. Esses investimentos terão sua remuneração afetada no caso de mudanças na taxa Selic.
Taxa Selic e CDI: qual a relação?
O CDI e a taxa Selic andam lado a lado. Mas por quê?
Primeiro, é importante dizer, rapidamente, o que é o CDI. CDI é a sigla para Certificado de Depósito Interbancário – o nome dos empréstimos que os bancos fazem entre si para fechar o caixa do dia no positivo.
Por determinação do Banco Central, todo banco deve fechar o dia com mais dinheiro entrando do que saindo dele. Em outras palavras: fechar o dia com saldo positivo. Entretanto, dependendo das operações realizadas pelos clientes dos bancos, nem sempre isso acontece.
Neste caso, os bancos precisam fazer um empréstimo para cobrir a diferença e deixar o caixa do dia positivo. Esse empréstimo é feito, por sua vez, de outras instituições financeiras. Como todo empréstimo, os bancos também pagam juros que, neste caso, são definidos pela taxa CDI.
Voltando à relação entre a taxa Selic e o CDISe a taxa Selic for muito maior que o CDI, os bancos podem preferir emprestar dinheiro ao governo, e não a outros bancos, já que assim terão uma rentabilidade maior;
Por outro lado, se a taxa CDI estiver muito acima da taxa Selic, a remuneração dos títulos que usam essa taxa sobe, o que também não é interessante para os bancos.
É por isso que, por definição, as duas taxas são muito próximas. A diferença entre as duas é de 0,10 ponto percentual. Ou seja, com a Selic a 10,50% ao ano, a taxa CDI fica 10,40% ao ano.
Taxa Selic e IPCA: o que têm a ver?
O IPCA é o índice que aponta a inflação do país. Ele indica a variação nos preços de uma série de categorias de bens e serviços importantes no dia a dia das pessoas, como vestuário, alimentação, transporte, saúde, despesas pessoais, educação e comunicação.
Ele é calculado mensalmente pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Salvador, Recife, Fortaleza, Belém e Vitória, além de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís, Aracaju e Brasília.
Apesar de não ser calculado em todo o país, o índice é de abrangência nacional – ou seja, vale para todas as regiões e cidades do Brasil.
Considerando que a taxa Selic é uma ferramenta de controle da inflação, qualquer mudança no IPCA orienta a taxa Selic (e vice-versa).
Um exemplo: quando a taxa Selic aumenta, o acesso ao dinheiro (crédito, empréstimos, financiamentos…) fica menor, porque fica mais caro. Assim, o consumidor para de fazer maiores gastos. No longo prazo, essa estratégia controla a inflação por gerar menor demanda e, consequentemente, oferta mais barata.
Portanto, aumentar a taxa Selic ou mantê-la estável é uma maneira de conter o aumento do IPCA.
Via Nubank
Postar um comentário