O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, anunciou nesta sexta-feira (18) que ordenou a revogação do visto de entrada no país do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A informação foi divulgada por Rubio por meio de uma publicação na rede social X (antigo Twitter), onde ele também afirmou ter solicitado a revogação dos vistos dos familiares do magistrado e de seus "aliados", sem detalhar quem seriam essas pessoas.
Rubio justificou a medida afirmando que o ministro brasileiro estaria promovendo uma “caça às bruxas política” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo ele, as ações de Moraes violariam direitos fundamentais e ultrapassariam as fronteiras do Brasil, afetando inclusive cidadãos americanos.
"A caça às bruxas política do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, contra Jair Bolsonaro criou um complexo de perseguição e censura tão abrangente que não só viola direitos básicos dos brasileiros, mas também se estende além das fronteiras do Brasil e atinge os americanos", escreveu o secretário americano.
Procurado pela BBC News Brasil, o Departamento de Estado dos EUA declarou que “não tem mais nada a compartilhar sobre esse assunto”, ao ser questionado sobre quem seriam especificamente os "aliados" de Moraes que também teriam o visto revogado.
A medida ocorre no mesmo dia em que Moraes determinou ações da Polícia Federal contra Jair Bolsonaro, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica e uma série de restrições: o ex-presidente está proibido de usar redes sociais, de manter contato com outros réus e investigados — inclusive seu filho, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) — e de sair de casa entre 19h e 6h e nos fins de semana.
Alexandre de Moraes argumentou que Bolsonaro e Eduardo estariam atuando de maneira ilícita e coordenada para pressionar o governo americano a impor sanções contra autoridades brasileiras. Eduardo Bolsonaro, que atualmente reside nos Estados Unidos, tem feito campanha por sanções internacionais contra Moraes e por apoio a uma eventual anistia aos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023.
Até o momento, o Supremo Tribunal Federal não se manifestou oficialmente sobre o anúncio de Rubio. A BBC também procurou o Itamaraty, mas ainda não obteve resposta.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou a ação dos EUA como “intimidação” e “arbitrária”. Segundo ele, sanções contra um ministro da Suprema Corte brasileira ferem a soberania nacional e configuram ingerência em assuntos internos do Brasil.
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